Conversas entre duas amigas no limite da inadequação

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Uma amizade

Amiga,

Hoje eu precisava muito escrever para você. Comi um Cheddar McMelt no GV Shopping e isso é tão, tão simbólico! Eu comeria um BK se tivesse por aqui, só para não sentir tanto a sua falta! Passou um filme pela minha cabeça e eu me lembrei da gente indo ao shopping todo dia de pagamento para comprar CD e comer Cheddar McMelt. Depois ficávamos horas conversando na esquina da rua do jornal com a Israel Pinheiro, que é onde a gente se separava ao final do expediente: você para a direita e eu para a esquerda. E continuávamos a caminhada sozinhas. Porque por aqui andar é tão mais fácil, sem ladeiras e morros... e a gente andava mesmo!

No dia seguinte, compartilhávamos as impressões: esse disco é muito bom, essa banda é muito boa e blá blá blá. É incrível como a gente sempre teve opinião sobre tudo, não é? Acho isso uma coisa rara... Você um pouco mais do que eu, porque ainda gosta de futebol, e eu não tenho a menor paciência. Mas sempre falamos de nós, dos outros, dos nossos medos, de sermos ansiosas, da sinceridade, da objetividade, de jornalismo, do jornal... Falamos de religião e discordamos. Falamos de política e concordamos. Falamos de amor e choramos nosso triste destino. Somos pessimistas: a humanidade não merece! Somos otimistas: acho que desta vez vai! Somos diferentes e iguais.

Então, me dei conta de que lá se vão 10 anos... E me lembrei do dia que eu cheguei em Valadares para fazer teste para entrar no jornal. Você me ajudou com as fontes, porque eu morava em BH e não conhecia ninguém. Achei você legal. Depois, quando eu fui aprovada, e comecei a trabalhar, não gostei mais de você tanto assim. “Que menina arrogante!” Muitos lanches e idas e vindas e histórias e ideias depois, aqui estamos nós.

Amo muito o que a gente é. Você minha Cristina, eu sua Meredith. Minha pessoa.

Então, eu senti mais saudade!

Com amor,

Lígia


PS: Hoje falei para a minha mãe que eu ando triste. Ela, que Deus fez e jogou a forma fora, me disse: há épocas em que a gente está assim mesmo, filha, triste sem nem saber porquê. Passa.

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