Conversas entre duas amigas no limite da inadequação

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A história do meu cachorro

Amiga,

Ontem eu perguntei para a minha mãe se eu podia comprar um cachorrinho de presente de aniversário para mim. Eu já tinha escolhido a raça e estava tentando definir um nome. Pensei em chamá-lo Al Pacino, mas não ia ficar bem chamar um bicho que se pronuncia por meio de “au”, Al. Então, fiquei buscando outras pessoas que eu admiro e pensei: Andy Warhol. Assim vou batizar meu cachorrinho. Mas acabei ficando na dúvida: não seria mais legal chamá-lo Marcel Duchamps? Ou, que tal, Gregory House? Ou Hercule Poirot? Ou Gabriel García Márquez? Ou Carlos Drummond de Andrade? Ou Herbert Vianna? Ou Arnaldo Antunes? Se eu quisesse uma fêmea, batizaria Liza Simpson.

Enquanto eu ficava nessa lenga lenga, fui comunicar minha família sobre meu desejo. Meu pai ficou nervoso e disse: você precisa é arrumar um marido, cachorro não dá futuro para ninguém. Amiga, por acaso... assim, bem por acaso... marido dá futuro??? Eu fiquei pensando nisso. Eu respondi: mas, marido eu não compro por R$ 800,00 no Mercado Central!

Aquela matéria sobre a solidão me fez querer muito um cachorro. É que eu não quero ficar chata, já que vou ficar sozinha. E eu ando tão chatinha, que nem eu estou me aguentando. Estou sem paciência para ler, trabalhar, ir à igreja, escrever para o blog... Pode até ser a menstruação, mas não sei.

O fato é que todo mundo pensa que eu preciso de um marido, menos eu. Eu até me casaria, sabe? Mas teria que ser por meio de um acordo. Se existir um homem crente, maduro, culto, inteligente, irônico, sarcástico, antimachista e que não queira ser pastor, eu me caso. Claro: se ele quiser alguém como eu, né? E não mais uma Barbie burra, como os homens parecem preferir.

Diga-me com sinceridade: esse homem existe? Então, que mal há em ter um cachorro?

Abraço,

Lígia

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